segunda-feira, 23 de novembro de 2015

SER CARIOCA É...


Aaaah, o carioca... Esse povo alegre, aquela malemolência, aquele balacobaco, aquele telecoteco, aquele jeitinho, aquela burrice do caralho... Dizem que, mais que um povo, o carioca é um estado de espírito... Só se for de porco, é óbvio. O carioca possui uma imagem de malandro e de vagabundo no resto do país. Todo mundo sabe isso, menos ele.
O Rio de Janeiro é a cidade naturalmente mais linda do mundo. Mas o que será que fez que ela ficasse violenta, imunda e mal administrada, hein? Devem ser os paulistas porque carioca sempre implica com paulista, mesmo vivendo numa capital muito mais bonita que São Paulo. Só sendo mala demais mesmo...
Mas, assim como o que estraga Buenos Aires são os portenhos, o que torna a vida no Rio insuportável são os seus nativos. Eles fuderam a cidade com aquela malemolência, aquele balacobaco, aquele telecoteco, aquele jeitinho, aquela burrice do caralho e, principalmente, com a convicção que ser carioca é algo realmente especial... Não poderiam estar mais equivocados pois ser carioca, na verdade, é...


- Começar uma conversa com “Olha só:” ou “Porra” e terminar com “Demorou!” e ainda achar isso legal...

- Não se conformar com o Rio não ser a capital do País. Talvez, do mundo...

- Não ter a menor ideia que o famoso Biscoito Globo é uma invenção PAULISTA...

- Inventar gírias e expressões asquerosas como “É ruim!”, “Deu mole!”, “Deu ruim!”, “Coé?”, “Rala-Peito”, “Demorou!, “Péla-Saco”, “Tô Grandão!”, “Marrento”, “Fe-show!”, “Fazer um Boneco”, “Arrombado!” e “BUCETA”, esta última para indicar um corte comprido e profundo em alguma parte do corpo...

- Se achar muito esperto e o outro sempre um otário.

- Ter que ouvir o taxista tagarelar sem parar, na maioria das vezes, sobre as dezenas de mulheres que ele supostamente já pegou...

- Se achar muito cosmopolita por morar numa cidade grande e famosa, mas não saber e, na verdade, quase desprezar as informações e histórias de outros lugares.

- Chamar todo cidadão oriundo do Nordeste, independentemente de seu estado de origem, de "PARAÍBA".

- Achar que sabe tudo e que consegue enrolar e/ou convencer todo mundo com argumentos absolutamente vazios.

- Se sentar molhado no táxi ou no restaurante e foda-se.

- Não ceder jamais a vez no trânsito.

- Xingar à plenos pulmões o cara que não te cedeu a vez no trânsito.

- Ouvir as maiores intimidades de um estranho qualquer numa fila...

- Ser de uma cidade que é conhecida por bairros de nomes bonitos e glamoroso da Zona Sul como Ipanema, Leblon e Copacabana, Jardim Botânico, São Conrado, mas que ignora bairros e lugares com nomes escrotos como Cordovil, Del Castilho, Zé Garoto, Anil, Curicica, Brás de Pina, Boréu, Praça Seca, Pavuna, Gericinó, Bangu, Parque Arará, Colégio, Manguinhos, Inhoaíba, Taquara, Vila Kosmos, Turiaçu, Realengo (corruptela sem vergonha de Real Engenho), Saúde, Cacúia, Tanque, Vila Kennedy, Campinho, Xerém, Favela do Angu Duro, Favela do Rato Molhado, Favela do Barbante, Morro do Buraco Quente, Morro do Boogie Woogie, Favela do Cachorro Sentado, Chatuba, Cascatinha, Favela da Disneylândia, Favela do Faz Quem Quer, Favela da Playboy, Favela do Fubá, Favela do Kinder Ovo, Nova Jérsei, Favela do Pára-Pedro, Favela do Pau da Fome, Favela do Uga-Uga, Vila Cascatinha, Xumbada, etc.

- Achar que tudo que acontece na cidade é de interesse nacional.

- Participar de um “abraço simbólico” contra a violência no Leblon quando acontece algum crime pavoroso na cidade, mas continuar comprando infalivelmente a sua maconha ou cocaína.

- Achar que o simples fato de ter nascido no Rio de Janeiro significa alguma grande coisa...

- Pensar que Ed Motta, Fernanda Abreu, Pedro Luís e a Parede, Mart’nália, Seu Cuca, Melanina Carioca, o porra louca do “Não é Mole Não!”, Funk e outras porcarias é música.

- Furar fila.

- Ou ainda, ficar 5 minutos na fila e pedir para o cara da frente segurar o lugar.

- Saber que há um time de futebol na cidade com a maior torcida do mundo, com quase 33 milhões de torcedores, mas que é o clube mais endividado do País com um passivo de 623 milhões de reais.

- Achar que pode ir a um casamento de bermuda e chinelo.

- Achar normal entrar num bar ou restaurante onde todos falam aos gritos e, em poucos minutos, ainda conseguir falar mais alto que os outros.

- Achar que a Barra longe e dizer que Búzios é logo ali.

- Morar no Leblon e não gostar de Ipanema. Morar em Ipanema e não gostar de Copacabana. Morar em um desses três bairros e não gostar da Barra. Morar na Barra e não gostar da Zona Sul. Morar em algum dos bairros acima e ter horror ao subúrbio. É morar em qualquer dos lugares citados e achar Niterói uma merda, mesmo sem nunca ter pisado lá...

- Ser de uma cidade que têm inúmeras praias e locais contaminados e de uso proibitivo como Botafogo, Flamengo, Urca, Pepino, Marina da Glória (que fede como um cadáver!), Baía de Guanabara, Praia de Ramos, etc.

- Depender de ar condicionado para sobreviver...

- Viver na cidade mais naturalmente bonita do mundo e que poderia faturar milhões de dólares com turismo pois tem praias famosas, Carnaval e PETRÓLEO, mas que não passa de um lugar violento, imundo e historicamente muito mal administrado...

- Ser adepto do “Postonovecentrismo” pois todo carioca acha que o Universo gira em trono daquele pedaço de praia “alternativo”...

- Achar que 25 graus é frio.

- Achar que alguém já fez uma ponta em Malhação que ele/ela é o novo Lawrence Olivier (apesar de nenhum deles saber quem foi esse cara ...)

- Ser o povo mais maconheiro do Brasil...
                                         
- Conversar sobre QUALQUER assunto com pessoas que sabem dez vezes mais e com a maior autoridade possível!

- Não ter absolutamente NENHUMA autocrítica.

- Ser cretino suficiente para buzinar assim que o sinal abre.

- Estar em qualquer parte da cidade e, de repente, sentir um cheiro fortíssimo de MERDA, que surge do nada...

- Possuir um sotaque que parece baixar o QI de quem ouve em uns 30 pontos, no mínimo...

- Criticar a atual situação das praias da Zona Sul, mas nunca levar de volta o lixo que produziu lá.

- Pensar que a Dona Fulana do Salgueiro ou o Mestre Ciclano da Portela são "artistas" conhecidos e importantes nacionalmente...

- Achar realmente que O Rappa são os Beatles.

- Continuar até hoje com aquela lengalenga de Cidade Maravilhosa, apesar de o Rio há muito tempo ser tratado como lixo...

- Ser o povo debilóide que criou o gritinho “U-hu!”

- Usar a camiseta ou adesivo de carro “GENTILEZA GERA GENTILEZA” mas não ter NENHUM compromisso com essa prática.

- Morar num lugar que tem uma cópia da estátua da liberdade na frente de um shopping...

- Ter todos cuidados possíveis com o corpo e nenhum com a cidade.

- Morar em uma lugar que lembra Esparta pois é cheia de caras fortes, agressivos, sem camisa e incrivelmente burros...

- Criar um negócio chamado “ARRASTÃO”.

- Saber que no Leblon, o bairro com o IPTU mais caro do País, tem um canal a céu aberto cheio de... Ora, vejam só... MERDA!

- Ficar íntimo em poucos segundos de alguém que acabou de conhecer e dizer "Bora marcar alguma coisa amanhã! E nunca marcar...

- Sair de casa com uma hora de antecedência para procurar vaga para estacionar.

- E pagar ANTECIPADO 10, 20, 30 reais (ou mais) para poder estacionar.

- Criar termos como “Além-Túnel” e “Z. N.” (Zona Norte) para designar gente que mora no subúrbio.

- Falar que os políticos "de Brasília" são corruptos mas sempre que possível propor uma propinazinha na blitz...

- Mijar no copinho e atirar na galera no Maracanã rindo.

- Morar em uma cidade cujo o símbolo é uma estátua e ser a capital brasileira que tem mais esculturas a céu aberto, porém que estão degradadas, abandonadas e sem identificação, o que as tornam uma grande latrina de pássaros.

- Bater palmas para o pôr-do-sol. Mas se isso fosse um costume nordestino ou de outro povo, sacanear isso infinitamente.

- E, por fim, ser carioca é... Não concordar e, muito menos, entender NENHUM dos pontos acima.


Adolar Gangorra tem 72 anos, é editor do site www.adolargangorra.com.br e é “carioca, porra!”


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